A cirurgia bariátrica tem se mostrado uma ferramenta eficaz no tratamento da obesidade mórbida, proporcionando significativa perda de peso e melhora na qualidade de vida de muitos pacientes. No entanto, é importante abordar um fenômeno que pode ocorrer ao longo do tempo: o reganho de peso.

As cirurgias bariátricas, incluindo o bypass gástrico e a gastrectomia vertical (sleeve), provocam alterações significativas no sistema hormonal do corpo. Estas mudanças têm um papel importante na perda de peso e na regulação metabólica, entretanto, a chave para a manutenção do peso e de todos esses benefícios que a cirurgia trouxe é a MUDANÇA DO ESTILO DE VIDA. Abaixo, descrevo algumas das principais alterações hormonais após esses procedimentos:

1. Bypass Gástrico:

– Grelina: A grelina é um hormônio produzido no estômago que estimula o apetite. Após o bypass gástrico, os níveis de grelina geralmente diminuem, o que pode levar a uma redução do apetite.

– Peptídeo Semelhante ao Glucagon 1 (GLP-1): Este hormônio é liberado no intestino após a ingestão de alimentos e está envolvido na regulação do apetite e na produção de insulina. Após o bypass gástrico, os níveis de GLP-1 aumentam, o que pode contribuir para a regulação do apetite e a melhora da sensibilidade à insulina.

– PYY (Péptido YY): É outro hormônio liberado no intestino que suprime o apetite. Após o bypass gástrico, os níveis de PYY tendem a aumentar, o que pode ajudar na regulação do apetite.

Insulina e Glicose: O bypass gástrico pode levar a uma melhora significativa na resistência à insulina e no controle da glicose no sangue. Isso ocorre em parte devido às alterações hormonais mencionadas acima.

• Gastrectomia Vertical (Sleeve):

– Grelina: Após a gastrectomia vertical, os níveis de grelina também tendem a diminuir, o que pode resultar em uma redução do apetite.

– Peptídeo Semelhante ao Glucagon 1 (GLP-1): Assim como no bypass gástrico, os níveis de GLP-1 aumentam após a gastrectomia vertical, contribuindo para a regulação do apetite e a melhora da sensibilidade à insulina.

– Leptina: A leptina é um hormônio produzido pelo tecido adiposo que ajuda a regular o apetite e o gasto energético. Após a gastrectomia vertical, os níveis de leptina podem diminuir, o que pode afetar a regulação do apetite.

Essas mudanças hormonais desempenham um papel importante na eficácia da cirurgia bariátrica na perda de peso e no controle metabólico. Elas contribuem para a redução do apetite, a melhora na sensibilidade à insulina e a regulação do metabolismo, facilitando a manutenção de um peso mais saudável após o procedimento. No entanto, é importante lembrar que a resposta individual às mudanças hormonais pode variar, e o acompanhamento médico e nutricional contínuo é essencial para garantir o sucesso a longo prazo da cirurgia bariátrica.

Incidência:

A incidência de reganho de peso varia de acordo com o tipo de cirurgia bariátrica realizada e a resposta individual de cada paciente. Estudos indicam que, em alguns casos, até 30% dos pacientes (quando os estudos incluíram técnicas mais antigas e menos eficazes, como a banda gástrica) podem apresentar algum grau de reganho de peso após a cirurgia, sendo mais comum em procedimentos menos invasivos ou quando há falta de adesão a um estilo de vida saudável.

É importante ressaltar que essas taxas são médias e podem variar amplamente de acordo com a população estudada, o acompanhamento pós-operatório e as condições individuais de cada paciente. A prevenção e o tratamento do reganho de peso são aspectos fundamentais na gestão pós-operatória da cirurgia bariátrica. A adesão a um estilo de vida saudável, incluindo hábitos alimentares adequados e a prática regular de exercícios físicos, são elementos-chave na prevenção do reganho de peso após a cirurgia bariátrica. O acompanhamento contínuo com uma equipe de profissionais de saúde é crucial para o sucesso a longo prazo do procedimento.

Causas do Reganho de Peso:

O reganho de peso após a cirurgia bariátrica pode ser influenciado por uma série de fatores. Um dos principais é a adaptação do organismo ao longo do tempo, resultando em uma menor eficácia metabólica na manutenção da perda de peso. Após a cirurgia bariátrica, o menor geralmente é peso atingido após 12 a 18 meses, e é preciso dizer que é NORMAL ter um reganho de até 10% ao final de 2 anos da cirurgia. Este reganho acontece por uma adaptação normal do nosso organismo após todas as mudanças metabólicas que a cirurgia promoveu. Além disso, mudanças nos hábitos alimentares e no estilo de vida, como a retomada de padrões alimentares inadequados e a redução da prática de atividade física, também podem contribuir para esse fenômeno.

É crucial enfatizar que o reganho de peso após a cirurgia bariátrica não deve ser encarado como um fracasso, mas como um sinal de que novas estratégias e abordagens são necessárias para manter a saúde e bem-estar do paciente. O acompanhamento contínuo com uma equipe de profissionais de saúde especializados é essencial para lidar com essa situação de forma eficaz e segura.

1. Bypass Gástrico:

O bypass gástrico envolve a criação de uma pequena bolsa gástrica e o desvio do intestino delgado para limitar a absorção de nutrientes. Apesar de ser uma técnica bastante eficaz na promoção da perda de peso, existe a possibilidade de reganho de peso em alguns casos. Causas do reganho de peso após o bypass gástrico podem incluir:

– Dilatação da Bolsa Gástrica: Com o tempo, a bolsa gástrica pode se expandir, permitindo maior ingestão de alimentos, porém essa dilatação não é grande e este fator tem um impacto muito menor que o retorno ao estilo de vida e alimentação inadequados.

– Aumento da Tolerância Alimentar: Pacientes podem, com o tempo, conseguir ingerir volumes maiores de alimentos sem desconforto.

– Mudanças nos Hábitos Alimentares e Estilo de Vida: Padrões alimentares inadequados e falta de atividade física podem contribuir para o reganho de peso.

2. Gastrectomia Vertical (Sleeve):

Na gastrectomia vertical, a parte maior do estômago é removida, deixando uma bolsa gástrica mais estreita. Isso reduz a quantidade de alimentos que o estômago pode acomodar. Causas do reganho de peso após a gastrectomia vertical podem incluir:

– Dilatação da Bolsa Gástrica Remanescente: Assim como no bypass gástrico, a bolsa gástrica pode se dilatar com o tempo, permitindo maior ingestão de alimentos, porém essa dilatação não é grande e este fator tem um impacto muito menor que o retorno ao estilo de vida e alimentação inadequados.

– Mudanças nos Hábitos Alimentares e Estilo de Vida: O retorno a padrões alimentares inadequados e a falta de atividade física são fatores importantes.

Tratamento:

O tratamento do reganho de peso pós-cirurgia bariátrica exige uma abordagem multidisciplinar e personalizada. Entre as estratégias mais comuns destacam-se:

1.    Revisão da Orientação Nutricional: Reforçar a importância de uma alimentação balanceada e controlada, adequada ao novo formato anatômico criado pela cirurgia.

2.    Acompanhamento Psicológico e Comportamental: Identificar fatores emocionais que possam estar contribuindo para o reganho de peso e desenvolver estratégias para enfrentá-los.

3.    Retomada da Atividade Física: Estimular a prática regular de exercícios físicos, adaptados às condições de cada paciente.

4.    Avaliação de Possíveis Complicações: Verificar a presença de complicações pós-cirúrgicas que possam estar afetando o processo de perda de peso.

5.    Avaliação de Revisão Cirúrgica (chamada de CIRURGIA BARIÁTRICA REVISIONAL): Em casos mais severos, a reavaliação da anatomia criada pela cirurgia inicial ou mesmo a realização de uma nova intervenção podem ser consideradas.