Refluxo Gastro-esofágico
Doença do Refluxo Gastro-esofágico (DRGE) é a passagem do conteúdo do estômago para o esôfago (alimentos ingeridos e ácido), quando os mecanismos que impedem esse retorno falham.
Esse refluxo é, na maioria das vezes, de um conteúdo ácido. Como a mucosa (camada interna) do esôfago não está preparada para recebê-lo, ela se inflama, causando a esofagite. A piora da esofagite, quando não tratada adequadamente, pode levar ao esôfago de Barrett e até câncer.
Entre os sintomas destacam-se a regurgitação e a pirose (azia ou ardor que vai da boca do estômago até a garganta). Muitas vezes é acompanhada de salivação e tosse seca. É comum a sensação de “bola que sobe e desce entre a garganta e o peito”, e pode haver sensação de peso do estômago após comer (“empachamento”). Sintomas como alteração de voz, rouquidão e dor de garganta repetidas vezes podem ser causados por DRGE, que nesses casos acaba sendo diagnosticada pelo otorrinolaringologista.
O diagnóstico é feito através da história clínica e confirmado por exames de imagem. Exames de imagem não invasivos como raio-x contrastado de esôfago e estômago, cintilografia esofágica e tomografia podem ocasionalmente serem úteis. Exames de imagem invasivos como endoscopia, manometria esofágica e pHmetria que mostram a presença de hernia de hiato e de inflamação do esôfago, confirmando e classificando o grau de inflamação causada pelo refluxo, que nem sempre corresponde à intensidade dos sintomas.
Tratamento
O tratamento é feito com mudanças comportamentais, como perda de peso, não ingerir grande quantidade de alimentos de uma vez, reduzir a ingestão de líquidos durante as refeições, comer devagar e mastigar bem, fracionamento de dieta, não deitar de estômago cheio após as principais refeições, evitar alimentos irritantes de mucosa, parar de fumar e reduzir a ingestão de bebida alcoólica. A elevação da cama em 30º, fazendo com que a cabeça fique mais alta que os pés, pode contribuir para o alívio dos sintomas noturnos. Medicamentos que diminuem a produção de ácido (da classe do omeprazol) e melhoram o peristaltismo do esôfago e estômago tem eficácia comprovada. Até 20% dos pacientes podem necessitar destes remédios em uso contínuo por tempo prolongado.
Pacientes com DRGE complicada por esôfago de Barret, metaplasia ou displasia, com asma ou pneumonia de repetição, ou aqueles que tem boa resposta com os medicamentos, mas que não querem fazer uso de medicação contínua para controle do refluxo por tempo prolongado (apesar de ficarem assintomáticos com esses medicamentos) podem ter no tratamento cirúrgico uma boa opção.
Alguns cuidados devem ser observados antes de se indicar a cirurgia, como a resposta ao tratamento clínico (em geral, pacientes que respondem mal ao tratamento clínico feito de maneira correta, também não terão boa resposta na cirurgia, pois talvez seus sintomas sejam tenham outra causa), presença de outras doenças (como câncer de esôfago, por exemplo), que devem ser tratados de acordo com a prioridade de caso, realização de exame de pHmetria e manometria esofágicas prévias (para estudo da motilidade esofágica, pois alguns tipos de alteração do peristaltismo do órgão podem contra indicar o procedimento), entre outras.
O tratamento cirúrgico (hérnia de hiato e doença do refluxo) visa a recolocação do estômago na cavidade abdominal e evitar sua volta ao tórax, mediante o ajuste do hiato com suturas e a confecção de uma válvula antirefluxo, que é uma dobra feita na parte alta do estômago com objetivo de evitar que ocorra o refluxo. Entre as muitas possibilidades descritas, atualmente, a que tem se mostrado mais eficiente é a rotação do fundo gástrico (porção mais alta do estômago) por trás do esôfago com sutura na região anterior, fazendo com que esse fundo “abrace” o esôfago.
A operação é realizada com anestesia geral. A videolaparoscopia é considerada a melhor maneira de se operar nos dias atuais, por apresentar menor agressão cirúrgica e proporcionar uma recuperação mais rápida e menos dolorosa. A alta hospitalar geralmente é dada 24 horas após a operação.
No pós-operatório, o paciente deve restringir sua dieta a líquidos e pastosos por período que varia de 15 a 30 dias, dependendo da evolução de cada um. Isso deve ser feito para que não se “force” a sutura, que se arrebentar, pode ser causa de retorno da hérnia de hiato e DRGE. Alguns pacientes podem sentir certo entalo nas primeiras vezes que se alimentam, o que reforça a necessidade de alimentação liquida e pastosa no início. Com o passar dos dias e a acomodação da nova posição do estômago, esses sintomas tendem a melhorar. Alguns pacientes terão dificuldade para arrotar ou vomitar por longos períodos, justamente pois a válvula impede este retorno. A necessidade de boa mastigação será para sempre, ou poderá ocorrer sensação de entalo se for deglutido alimento volumoso e mal mastigado (em geral acontece com quem tem pressa na hora de comer).
Os resultados dessa cirurgia são bons quando bem indicada e o paciente segue todas as orientações médicas.
Oi boa tarde meu filha sempre passa mal quando come comida …e o médico receitou bromoprida ,ele toma antes do almoço.