Pedra na Vesícula (colelitíase)
A presença de pedras ou cálculos na vesícula biliar é uma patologia bastante comum. Pode atingir até 10% da população em alguns países.
Mais comum em adultos, na faixa dos 40 aos 60 anos e em países do ocidente.
A vesícula biliar não produz nenhuma substância da digestão, sua função é armazenar a bile produzida no fígado, e lançá-la no duodeno (órgão entre o estômago e o intestino delgado) através dos ductos cístico e colédoco (canais da bile). A bile é responsável por realizar a digestão de gorduras. Alterações de uma ou mais fases do metabolismo de formação da bile e seus componentes pode levar à precipitação do(s) componente(s) em excesso e sua cristalização, formando-se assim os cálculos dentro da vesícula.
Entre os fatores predisponentes para a formação de cálculos (“pedras”) na vesícula podemos destacar, além da faixa etária já citada, o sexo feminino, sobrepeso ou obesidade, perda rápida ou acentuada de peso, anemia hemolítica, diabetes e histórico familiar, entre outros.
Muitas vezes a presença do cálculo não causa nenhum sintoma. Não é incomum o paciente descobrir que é portador de pedras ao fazer exames de rotina, como ultrassonografia, solicitados por clínico geral ou ginecologista. Entre os sintomas mais comuns estão a dor em cólica do lado direito do abdome, logo abaixo das costelas. Essa dor muitas vezes tem seu início após ingestão de alimentos gordurosos e pode ser seguida de sensação de estufamento e náuseas com ou sem vômitos.
O diagnóstico é realizado pela ultrassonografia, sendo rara a necessidade de outros exames de imagem. Complicações decorrentes das pedras podem ocorrer independente do tamanho ou quantidade de cálculos. As principais complicações são a colecistite aguda (inflamação aguda da vesícula, sendo esta a mais frequente), coledocolitíase (migração de cálculo va vesícula para o canal da bile, obstruindo este canal), pancreatite aguda biliar (inflamação aguda do pâncreas por presença de cálculo no canal da bile em sua parte final, quando se une com do ducto principal do pâncreas) entre outras.
Tratamento
O tratamento é cirúrgico, a colecistectomia, que consiste na retirada da vesícula inteira e não só de suas pedras. É a cirurgia do aparelho digestivo mais realizada no mundo e é um procedimento muito seguro, possuindo baixíssimo índice de complicações, realizada preferencialmente por laparoscopia. Após a cirurgia, o fígado passa a assumir o papel da vesícula no armazenamento e distribuição da bile, havendo uma rápida adaptação do organismo na maioria dos casos. Pouco ou nada muda na rotina do paciente após a retirada da vesícula, existindo uma certa tendência às fezes ficarem mais amolecidas, porém é extremamente raro que ocorra diarréia cronicamente.
A cirurgia é realizada em centro cirúrgico, sob anestesia geral. Na técnica por videolaparoscopia há a necessidade de se insuflar gás carbônico (CO2) dentro da cavidade abdominal (pneumoperitônio) para que haja a visualização adequada das estruturas e as pinças possam se mover sem riscos de causar alguma lesão. O paciente volta a alimentar-se e a deambular no mesmo dia da cirurgia e geralmente recebe alta no dia seguinte. Alguns pacientes podem ter dor que irradia para o ombro (como consequência de pneumoperitônio residual após o término da cirurgia), dor na cicatriz umbilical, sensação da barriga estufada, náuseas e raramente vômitos. Essas eventualidades são tranquilamente controladas por medicamentos sintomáticos e tendem a melhorar nas primeiras 24 a 48 horas. Recomenda-se que o paciente não come alimentos gordurosos nem doces nos primeiros 10 dias para evitar de ter cólica e diarreia. Esforço físico como esportes, ginástica e academia são liberados cerca de 30 dias após a operação.