A endometriose é uma doença caracterizada pela presença do células de endométrio (camada que reveste internamente o útero) fora da cavidade uterina.

Afeta 10% das mulheres até 40 anos, e 12-37% possuem envolvimento intestinal. Na Endometriose Intestinal, classificada como profunda, o endométrio cresce e invade mais de 5 milímetros da parede do intestino, além da camada muscular, comprometendo o mesmo.

Principais sinais e sintomas:
• Dor abdominal
• Alterações no hábito intestinal durante o período menstrual
• Cólica antes de evacuar
• Dor pélvica crônica durante todo o mês
• Incômodos durante relações sexuais (dispareunia)
• Fluxo menstrual intenso
• Dor no final da coluna ou na região lombar baixa
• Dor no reto, entre a vagina e o ânus
• Estenose (estreitamento) do intestino
• Sangramento nas fezes durante o período menstrual
• Cólica intensa, incapacitante ou progressiva (piora gradativamente a cada ciclo)
• Infertilidade

Vale ressaltar que a presença e intensidade de sintomas não necessariamente está ligada a presença de lesão intestinal, pois há pacientes que apresentam tais sintomas e não possuem a lesão neste órgão. 

Ainda não se sabe exatamente quais as causas da endometriose intestinal. Esta é uma doença que pode demorar até 7 a 10 anos para que seja diagnosticada de forma precisa. O diagnóstico requer consulta com ginecologista especialista nesta área, que é quem conduzirá a investigação e decidirá a melhor estratégia de tratamento, de acordo com o quadro clínico e objetivos da paciente.

O diagnóstico é confirmado com exames como a Ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal e a ressonância magnética da pelve para a pesquisa de endometriose. Raramente há alterações na colonoscopia É importante destacar que os métodos não são ‘competitivos’ entre si e sim complementares. 

Tratamento

O fato de a paciente apresentar nódulo de endometriose no intestino não indica, necessariamente, que a cirurgia seja obrigatória. O tratamento da endometriose intestinal é, basicamente, o mesmo da endometriose profunda, e possui um índice de sucesso no controle dos sintomas em 92% dos casos.

Uma vez que se decida operar a paciente devido à endometriose, e que essa paciente apresente lesão intestinal, será necessária a remoção de todos os focos intestinais. Os nódulos podem infiltrar e acometer vários pontos do intestino, e em profundidades diferentes. As técnicas que serão utilizadas para ressecar o tecido, minimizar a extensão do segmento de intestino a ser removido e o risco de complicações desta cirurgia, devem ser discutidas anteriormente à cirurgia, de forma individualizada, para cada paciente, de acordo com seus sintomas, lesões identificadas nos exames, idade e desejo reprodutivo. Por isso é importante que a cirurgia seja realizada por uma equipe multidisciplinar especializada envolvendo no mínimo, o ginecologista (“maestro desta orquestra”) e o cirurgião, fazendo com que a cirurgia seja “sob medida para cada paciente”.

Geralmente, a cirurgia é feita por videolaparoscopia, de forma menos invasiva e segura, com boa recuperação e retorno precoce às atividades normais. O tempo de internação costuma ser curto e as pacientes geralmente retornam para sua casa já com alimentação praticamente normal e liberadas para desempenhar atividades do dia-a-dia.

Lesões intestinais removidas de forma incompleta podem continuar a progredir e causar complicações, ou servir de foco para o reaparecimento das lesões na pelve feminina.

A cirurgia é obrigatória quando ela acomete o intestino delgado, devido sua provável evolução para sintomas de obstrução intestinal, e nos casos de endometriose do apêndice, devido a impossibilidade de diferenciar as lesões de um tipo de câncer que acomete o apêndice, independente dos sintomas e controle clínico