O abscesso anal ou perianal é uma coleção de pus que se forma na região da borda do ânus ou em sua proximidade. Como em toda coleção purulenta, o tratamento é a drenagem ampla e eficiente. Em alguns casos de coleções próximas da pele, pode ocorrer ruptura espontânea e saída do pus, aliviando o quadro de dor. Para o tratamento definitivo é necessário drenagem ampla do abscesso, com remoção de todo o seu conteúdo e do tecido doente.
Muitas vezes, como consequência dos abscessos, forma-se uma fístula perianal (túnel que se abre entre o interior do canal anal e a pele, passando pelo abscesso).
Quando se forma uma fístula perianal, há necessidade de cirurgia que consiste na abertura de todo o trajeto fistuloso com remoção dos tecidos comprometidos (fistulotomia ou fistulectomia). Em alguns casos, esse trajeto pode passar por dentro da musculatura do ânus (esfíncter anal) e não pode ser removido todo de uma vez, para não causar incontinência fecal (perda involuntária de fezes). Nesses casos, a cirurgia precisa ser feita em mais de uma etapa, até que todo o tecido comprometido tenha sido removido e o esfíncter anal seja preservado, com sua função mantida para controle das evacuações.
O tratamento dessas doenças é feito em centro cirúrgico. Após período de 8 horas de jejum, o paciente é submetido à anestesia raqui ou peridural e sedação. O abscesso deve ser drenado até seu esvaziamento total e o tecido doente ser amplamente removido. Os trajetos das fístulas devem ser identificados (pode haver mais de 1 trajeto) e abertos, o que pode exigir mais de uma operação. Quando o trajeto passa por dentro da musculatura anal, deve ser deixado um fio, ou outro material, que promova a fibrose (tecido de cicatrização duro) desse músculo para que seu trajeto intramuscular possa ser aberto em uma segunda cirurgia, sem comprometer a função de controle da evacuação.
A alta hospitalar geralmente é dada no dia seguinte ao da operação. O paciente deve fazer curativos em casa e retornar ao consultório para acompanhamento. O tempo da cicatrização dependerá do tamanho da área comprometida. O retorno às suas atividades será possível assim que a dor e o desconforto permitirem, mesmo que a cicatrização não esteja completa.